
NOTA: O post seguinte é o resumo que fizemos de apenas uma parte do dossier/Projecto "Expo-África Século XXI" que o autor, João de Barros, amavelmente nos cedeu em Bissau em jeito de apresentação, em Dezembro do ano transacto, pelo que o texto que se segue não vincula grandemente o autor. Por se tratar de um assunto/tema/Projecto que reputo de sumamente importante e que considero dever ser alvo de uma ampla e séria auscultação pública tomei a liberdade de aqui divulga-lo em miniatura obviamente, com a permissão prévia do autor, recorrendo-nos, sobretudo, por razões óbvias, aos aspectos mais descritivos que técnicos, no intuito alguma maneira dar a conhecer os seus contornos e igualmente auscultar opiniões e/ou sensibilidades sobre o mesmo. Hei-lo, portanto, e a nossa opinião, dar-la-emos proximamente, na medida em que apesar do texto que se segue ter sido escrito por nós, também não nos vincula, necessariamente.
João de Barros actual Secretário de Estado da Comunicação Social da Guiné-Bissau , vem aprimorando e ultimando a concepção de um Projecto de realização de uma exposição denominada "Expo-África Século XXI". À semelhança das várias exposições internacionais que já vêm sendo realizadas desde o século XIX nos epicentros da modernidade (Londres, Paris, Chicago, entre outras) , ressalta o objectivo primordial de, por um lado, fazer jus a dupla necessidade de preservação dos valores tradicionais próprios e simultaneamente, por outro, aos imperativos da modernização, segundo a racionalidade e o conceito radicado na convicção de que o conhecimento humano é transnacional.
Assim como a Torre Eiffel, o Palácio de cristal e a Roda gigante mantiveram-se no imaginário colectivo como símbolos visíveis do avanço tecnológico exibido nas mais diversas exposições, a "Expo-África Século XXI" pretende mostrar e ensinar as virtudes do tempo presente e confirmar a previsão de um futuro promissor, quer pela via da salvaguarda dos valores tradicionais e culturais, quer pela amostragem do mundo moderno e avançado em que vivemos, desdobrando-se a mesma em espectáculos nos campos da ciência, das artes, da arquitectura, dos costumes e da tecnologia.

Um pormenor do Projecto "Expo África Século XXI"
É escusado dizer-se que, tal como as outras grandes exposições mundiais, João de Barros certamente ponderou igualmente a possibilidade de a "Expo-África Século XXI" apresentar-se como um símbolo material imprescindível ao reforço do sentido da Nação e da reconciliação que se impõe entre os guineenses, mas também uma oportunidade para exorcizarmos a generalizada sensação de decadência moral, de degeneração do espírito, de enfraquecimento intelectual e, consequentemente, a necessidade de se conferir um novo Élan as virtualidades latentes da Guiné-Bissau e dos guineenses, de modo a que, sem perdermos de vista a necessidade de preservação dos fundamentos do nosso substracto cultural e societal, possamos também acertar o passo com o mundo moderno.
Segundo a proposta de João de Barros, o palco da "Expo-África Século XXI" (exposição que se pretende Universal e Pan-Africana e em que todos os países africanos e organizações internacionais, de parcerias africanas, estarão igualmente representadas ) será a Vila de João Landim, janela aberta ao encanto da Natureza, cultura universal e moderna, e a uma vida saudável com produtos naturais de excelente qualidade, localidade que será um pólo de Desenvolvimento Regional que projectará a visibilidade internacional da Guiné-Bissau, na medida em que a concepção da Expo-África Século XXI assenta igualmente no compromisso da Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (NEPAD).
Serão ali construídas, de raiz, infraestruturas que orçarão cerca de 800 milhões de dólares americanos, prevendo-se, segundo o autor do Projecto, que a exposição venha a ter lugar nos finais da presente década, a qual acolherá ainda convidados guineenses (do país e da diáspora) e individualidades de mérito inquestionável e mundialmente consagrados nas mais diversas áreas, a saber: política, ciência, tecnologia, empresariado, artes e letras, e outros, a fim de proferirem colóquios, conferencias e/ou palestras em vários domínios, com destaque para as áreas que, entre outras, interessem particularmente a Guiné-Bissau, quais sejam:
- A problemática da paz e do desenvolvimento do continente africano;
- Questões universais, tais como: soberania alimentar, a água como um bem comum;
- Desmilitarização dos povos africanos;
- Educação para a democracia e o direito ao desenvolvimento;
- A luta contra a desertificação e os perigos sobre-exploração dos recursos naturais;
- A escravatura;
- Pandemias e as doenças modernas;
- A fome no mundo;
- Os limites da responsabilidade Estatal;
- O VIH-SIDA e outras novas doenças e epidemias;
- Responsabilidades sociais das empresas;
- Democratização das tecnologias de comunicação e informação;
- As novas formas do racismo, e da violência;
- A diversidade cultural num mundo em profunda globalização
- O Direito Internacional e os desafios sociais do Milénio.
À semelhança da multiplicidade de opiniões dissonantes que, no respeitante ao Projecto de construção da torre metálica de 160 metros, de autoria de Gustave Eiffel, dividiram na altura a fina flor da intelectualidade francesa no século XIX, antevê-se igualmente que na Guiné-Bissau a Expo África Século XXI possa suscitar acesa polémica e até dividir opiniões relativamente a este Projecto de autoria de Arquitecto João de Barros, salvaguardadas embora as devidas proporções, contextos, nuances e motivações diferenciadas entre um e outro Projecto.
Temos pois para nós que, apesar da magnitude dos nossos problemas mais elementares e da nossa pretensa pequenez territorial e espiritual e a pobreza, é salutar que ousemos sonhar e ousemos vencer, desde que sobre uma base e postulados que assentem equilibradamente na nossa determinação de também dasafiar os limites do nosso enclausuramento existencial, pelo que importa essencialmente que o Projecto de João de Barros possa suscitar um sério e multidisciplinar debate sobre a sua viabilidade, na medida em que, independentemente das probalidades de sua implementação ou não ou dos efeitos colaterais que o mesmo possa engendrar (certa e eventualmente positivos ou supostamente perniciosos), os debates que sobre ele recairão jamais se apresentarão como simples exercícios de espírito assim espero pois comprometem a seu modo o futuro.
Oxalá a "Expo África Século XXI", após tanta polémica possa, à semelhança do sucesso granjeado em 1879 por Gustave Eiffel, apresentar-se como uma esperança para a Guiné-Bissau e os guineenses, tanto mais que João de Barros está disso convicto, na medida em que a Expo África, segundo o próprio, apresenta também acrescidas e importantes vantagens económicas (incremento de postos de trabalho, requalificação urbananística e ambiental), para além de inovações importantes em matéria de lazer, desporto, turismo e outros sectores.